Desgate com tarifas 'não é preocupação nossa', diz aliado de Eduardo Bolsonaro nos EUA
26/07/2025
(Foto: Reprodução) Aliado de Eduardo Bolsonaro nos EUA contraria pressão do PL e defende tarifaço de Trump
Principal aliado de Eduardo Bolsonaro (PL) na campanha pelas sanções americanas ao Brasil, Paulo Figueiredo minimizou as críticas de que o movimento beneficia Lula (PT) e prejudica a direita. "Não achamos que no longo prazo haverá desgaste, mas, se houver, essa não é uma preocupação nossa".
Para ele, os ataques que recebe junto de Eduardo -- e que vem até de parte do PL -- não surtirão efeito porque considera Eduardo um político mais firme que o próprio pai.
"Eduardo Bolsonaro é uma figura muito distinta do pai. As pessoas têm uma imagem equivocada sobre ele. Jair Bolsonaro fez muitos recuos e péssimos acordos ao longo do tempo e isso nos trouxe até o ponto que chegamos. A fraqueza é provocativa. Eduardo vai até o fim, custe o que custar. E eu vou estar ao lado dele", afirma.
Paulo Figueiredo é neto de João Baptista de Oliveira Figueiredo, último militar presidente da ditadura (governou de 1979 a 1985). Ele diz que os ganhos de Lula com a crise do tarifaço imposto por Donald Trump foram pífios e que os cálculos dele e de Eduardo Bolsonaro não são eleitorais, mas "tem fé de que o povo vai entender o que estamos fazendo".
Figueiredo também minimiza a reação contrária de setores produtivos tradicionalmente ligados ao bolsonarismo, como o agronegócio, para quem ele está lutando contra os interesses nacionais:
"Depende do que você considera os interesses nacionais. Liberdade é um interesse nacional muito superior ao lucro de meia dúzia de empresários".
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Figueiredo foi preso em 2019 sob suspeita de integrar um suposto esquema de pagamento de propinas a dirigentes do BRB, banco controlado pelo governo do Distrito Federal, como noticiou a Folha de S.Paulo à época. A propina teria a ver justamente com a construção do hotel em sociedade com Trump. Figueiredo sempre negou qualquer envolvimento com financiamento e afirma que não foi condenado neste caso.
Figueiredo e Trump
Paulo Figueiredo conheceu Trump por intermédio de sua filha, Ivanka Trump, quando foi a casa dele em Mar-a-Lago propor uma sociedade na gestão de um hotel no Rio. Acrescenta, no entanto, que não existe mais relação comercial desde 2016.
Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo em entrevista ao podcast Inteligência Ltda
Reprodução/YouTube
"Eu estava construindo um hotel no Rio de Janeiro e procurávamos operadores. Fizemos um processo de seleção e a Trump Organization era candidata. Um dia, lá para 2012 se não me engano, estava almoçando com ela em Mar-a-Lago, quando Trump chegou em um helicóptero gigantesco e Ivanka perguntou se eu gostaria de conhecer seu pai. Obviamente eu disse que sim -- ele era uma lenda para qualquer empreendedor imobiliário."
Segundo Paulo Figueiredo, o interesse de Trump foi maior pelo fato de ele ser neto do ex-presidente da ditadura militar, do que propriamente pelo negócio:
"Na verdade, ele deu pouca atenção quando ela falou sobre o projeto no Rio. Teve muito mais interesse quando ela disse a ele que meu avô tinha sido presidente e que eu gostava de política. Daí ele puxou uma cadeira e passamos um bom tempo conversando, basicamente sobre política. Depois, ele me deu um livro de presente dedicado dizendo "vamos fazer esse negócio!". Está hoje em um quadro na parede do meu estúdio", disse.