Em vídeos, assessor que desviou R$ 11 milhões de investimentos se declarava a ex-namorada, também vítima de golpe
05/12/2025
(Foto: Reprodução) Em vídeos, assessor que desviou R$ 11 milhões fez declarações a ex, também vítima de golpe
Uma das ex-namoradas de Frederico Goz Biagi, de 53 anos, preso na quinta-feira (4) por suspeita de desviar ao menos R$ 11 milhões, disse que o assessor de investimentos sempre foi solícito, educado e atencioso enquanto estiveram juntos.
Vídeos aos quais a EPTV, afiliada da TV Globo, teve acesso, mostram Biagi fazendo declarações de amor e elogios à mulher, que pediu para não ser identificada. (veja acima)
Em um deles, o assessor de investimentos, que é de Ribeirão Preto (SP), agradece a parceria e comemora o tempo de relacionamento.
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"Obrigado por todo esse amor, obrigado pela mulher que você é, eu tenho o maior orgulho do mundo de você. Eu te amo, um beijo. Feliz quatro meses".
Frederico Biagi, de Ribeirão Preto (SP), foi preso nesta quinta-feira (4) por desviar pelo menos R$ 11 milhões em investimentos
Arquivo pessoal
De acordo com as investigações da Polícia Federal, inicialmente, Biagi atuava sozinho. Com o aumento das quantias, abriu uma empresa de investimentos e chegou a desviar dinheiro dos próprios sócios.
Com a então namorada, Biagi fez até planos de casamento e se batizou em uma igreja. Ela também o denunciou por golpes em investimentos.
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Segundo a Polícia Federal, se aproximar de mulheres com poder econômico fazia parte da estratégia do assessor. Era assim que ele transformava o vínculo afetivo em negócio e, desta forma, conseguia desviar valores.
"Estas vítimas eram escolhidas em razão do seu poder econômico dentro da sociedade de Ribeirão Preto. A partir disso, ele começava uma engenharia social, que, além da questão do investimento financeiro, se tornava próximo dessas pessoas, inclusive mantendo relacionamento com mulheres", disse o delegado Marcellus Henrique de Araújo.
Antes de constituir a própria empresa com o sócio, Biagi atuou de 2020 a 2023 em um escritório de assessoria de investimentos.
Biagi deve responder por pelo menos seis crimes contra o Sistema Financeiro Nacional:
Gestão fraudulenta
Apropriação de recursos de investidor
Manutenção de investidor em erro mediante omissão ou falsidade
Fraude à fiscalização com inserção de informações falsas em documentos
Inserção de elementos falsos em demonstrativos contábeis
Contabilidade paralela
Somadas, as penas podem variar de 10 a 37 anos de reclusão. Procurada pela EPTV, a defesa de Biagi disse que não vai comentar as acusações contra ele.
Fraude e apropriação de recursos
Frederico Biagi foi preso na manhã de quinta-feira, em Poços de Caldas (MG), durante a Operação Stop Loss, da Polícia Federal, e encaminhado para o Centro de Detenção Provisória de Ribeirão Preto.
Ainda foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em Ribeirão, São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ).
As investigações apontaram que ele utilizava os valores dos clientes em benefício próprio, realizando operações de day trade (iniciadas e finalizadas no mesmo dia), que resultaram na perda dos recursos investidos.
Entre as vítimas de Biagi estão médicos e aposentados. Para mantê-las enganadas, de acordo com a PF, o assessor fraudava documentos e inseria informações falsas no sistema, dificultando o acesso às informações. Ao menos dez pessoas prestaram depoimento afirmando terem sido alvo do golpe.
O suspeito selecionava vítimas com base no poder econômico delas e chegou, inclusive, a se relacionar com mulheres para adquirir a confiança delas.
Frederico Goz Biagi foi preso pela PF suspeito de desviar ao menos R$ 11 milhões de investimentos de clientes
Arquivo pessoal
Vítimas pagavam tributos por rendimentos que não tinham
Ainda de acordo com a Polícia Federal, inicialmente, Biagi prometia rendimentos exorbitantes, mas depois passou a oferecer até 2% de vantagem, rendimento considerado "dentro do padrão".
A mudança, diz a investigação, foi para que, caso algum cliente pedisse o resgate do dinheiro, o assessor tivesse condições de entregar a quantia, sem ter prejuízos.
"A partir do momento em que esse criminoso oferece 2%, ele tem uma margem muito maior para ir mantendo a vítima em erro. Porque, se em determinado momento, uma vítima pede algum valor que ela teria que receber, esses 2% são um montante pequeno dentro do capital total. Associado a todo esse contexto que vai se criando em torno do investigado, permitiu que ele perpetuasse no tempo toda a situação de erro com relação às vítimas", destacou Araújo.
Aos clientes, o assessor de investimentos divulgava os valores totais, até mesmo aqueles que ele já havia desviado. Assim, ao declararem a quantia à Receita Federal, as vítimas pagavam impostos de um dinheiro que, na verdade, já não possuíam mais.
"A informação falsa era o rendimento. Para manter a vítima sob o domínio dele, ele ia fornecendo demonstrativo de rendimentos que ele fabricava [falsos]. A vítima, de posse daquilo, pegava e declarava, porque a vítima era uma pessoa honesta, então ela declarava isso perante à Receita Federal, e isso gerava um tributo, que era recolhido. E não existia o dinheiro. A vítima, além de não ter o dinheiro, ainda pagava um tributo em cima de um rendimento que ela não teve", completou o delegado.
Assista à reportagem do EPTV 2 na íntegra:
Empresário de Ribeirão Preto é preso por desviar dinheiro de investidores
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