IA detecta sinais sutis de depressão nas expressões faciais, aponta estudo
17/10/2025
(Foto: Reprodução) IA detecta sinais sutis de depressão nas expressões faciais
A depressão é, muitas vezes, uma doença silenciosa. Sintomas mais subjetivos, como a falta de vontade de fazer atividades que antes eram prazerosas e a sensação de desesperança, podem ser indicativos de problemas de saúde mental.
Mas um sinal físico, ainda que sutil, também pode estar associado a essa doença: a mudança nas expressões faciais.
➡️Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Waseda, no Japão, mostrou que, mesmo em casos de depressão leve, o paciente já se torna menos expressivo. A pesquisa foi publicada na revista científica "Scientific Reports".
Inteligência artificial detecta mudanças na expressão facial de quem tem depressão.
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O trabalho utilizou inteligência artificial para analisar alterações nas expressões faciais de jovens adultos japoneses. E os resultados revelaram "padrões distintos de movimento muscular" relacionados a sintomas depressivos. (entenda mais abaixo)
😓Em resumo, os pacientes que relataram sintomas depressivos leves tinham alterações específicas em movimentos como:
Elevação da sobrancelha interna
Levantamento da pálpebra superior
Alongamento dos lábios
Abertura da boca
"Com o aumento das preocupações sobre o bem-estar mental, quis explorar como sinais não verbais sutis — como as expressões faciais — moldam impressões sociais e refletem a saúde mental, utilizando análise facial baseada em inteligência artificial", explica Eriko Sugimori, professora da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade e uma das autoras do estudo.
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Identificação de mudanças sutis
Para o estudo, os pesquisadores utilizaram vídeos curtos de autoapresentação de 64 estudantes universitários japoneses.
Esse material foi avaliado por outro grupo, composto por 63 estudantes, que analisou quão expressivos, simpáticos, naturais ou agradáveis os participantes pareciam ser.
Além disso, a equipe utilizou o OpenFace 2.0, um sistema de inteligência artificial capaz de rastrear micromovimentos musculares do rosto, para analisar os mesmos vídeos.
Os resultados das avaliações foram semelhantes, o que mostra que a expressividade de quem é avaliado não depende da interpretação de quem observa.
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Os estudantes que relatavam queixas relacionadas à chamada depressão limítrofe – um estado em que há sintomas depressivos leves que, em geral, não atendem a critérios clínicos de diagnóstico, mas elevam o risco de desenvolvimento de depressão – foram percebidos como menos expressivos por seus colegas.
Eles foram vistos também como sendo menos naturais, amigáveis e simpáticos, apesar de não serem percebidos como pessoas nervosas ou falsas.
E foi justamente nesses participantes que a IA identificou as mudanças de padrão de movimento no rosto.
"Nosso método, que combina vídeos curtos com análise automatizada de expressões faciais, pode ser aplicado para rastrear e detectar sinais de saúde mental em escolas, universidades e ambientes de trabalho", afirma Sugimori.
O estudo mostra que, de forma geral, há uma redução nas expressões faciais positivas em pessoas com depressão.
Auxílio no diagnóstico
As descobertas trazidas pelo estudo têm potencial, segundo os pesquisadores, para auxiliar na detecção precoce da depressão.
Essa tecnologia poderia ser utilizada, por exemplo, em plataformas digitais de bem-estar ou programas corporativos relacionados à saúde mental, permitindo um monitoramento mais preciso do estado psicológico do paciente.
"De modo geral, nosso estudo oferece uma ferramenta inovadora, acessível e não invasiva de análise facial baseada em inteligência artificial para a detecção precoce da depressão — antes do surgimento dos sintomas clínicos", detalha Sugimori.
Ainda de acordo com a pesquisadora, a ferramenta também abre caminho para que os profissionais de saúde mental possam sugerir intervenções antecipadas aos pacientes, evitando que o quadro se agrave.