Mineiros em Guarapari: das capitanias ao trem de ferro, História explica origens desta conexão
26/07/2025
(Foto: Reprodução) Parte do território que hoje é Minas Gerais já foi capitania com acesso ao mar
Arte/TV Globo
Linhas imaginárias traçadas em 1534 sobre o mapa têm tudo a ver com o milho cozido que o mineiro saboreia nas areias das praias de Guarapari.
Para especialistas em História do Brasil, a conhecida presença de mineiros em férias no litoral do Espírito Santo remonta a raízes na divisão das capitanias hereditárias. A história completa você assiste no Terra de Minas deste sábado (26), na TV Globo em Minas.
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A primeira divisão administrativa da América Portuguesa literalmente abriu caminhos - em um tempo em que tudo era mais difícil, distante e inacessível.
"Originalmente, o território de Minas é desmembramento da capitania do Espírito Santo. Essa conexão vem desde o começo da conquista deste pedaço de chão chamado Brasil", explica Patrícia Merlo, historiadora e professora do programa de graduação em história da Universidade Federal do Espírito Santo.
A criação da capitania de Minas Gerais, em 1720, com a exploração do ouro, não foi barreira, como destaca Ueber José de Oliveira, professor de História da Universidade Federal do Espírito Santo.
"Como não havia nenhum sentimento regional, de mineiridade ou de capixabismo, ambas as elites procuravam criar vias de acesso pra facilitar a comunicação", diz.
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Estradas de escoamento desde o século 19
O resto é História, como lembra a professora: "Desde o século 19, temos construções de estradas para escoamento de produtos vindos para Minas para o litoral do Espírito Santo. A relação é muito antiga."
No início do século 20, a ferrovia Vitória-Minas tornou-se crucial para mudança na ocupação do território. "E temos a partir dos anos 1950 e 1960, melhoria nas estradas, o que torna o acesso de mercadorias ou pessoas mais fácil", acrescenta Patrícia.
E isso ocorreu ao mesmo tempo de uma outra mudança importante, segundo Ueber: "Ao longo do século 20, o litoral passa a ser visto como espaço de lazer, entretenimento". Enquanto isso, conquistas trabalhistas, como férias remuneradas e 13º salário, ampliaram o acesso ao lazer.
A isso, somaram-se as noções de rotas e roteiros, junto ao nascimento da indústria turística, conta Patrícia:
"A maioria da população, trabalhadores e classe média, vinha de trem e descia na Estação Pedro Nolasco. Com a melhoria nas estradas, os ônibus pegavam as pessoas ali e levavam para Guarapari. Isso explica, na década de 1950, o boom desse veraneio mineiro em Guarapari".
O tão familiar hábito de curtir férias na praia dos mineiros acabou moldando o lugar. Do processo histórico à identidade, hoje inseparável, de Guarapari. Patrícia finaliza: "Agora, já faz parte. É indissociável. Guarapari sem mineiro não é Guarapari".
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