Rosto de Juliette incha após uso de 'esperma de salmão': substância tem restrições no Brasil; entenda
26/07/2025
(Foto: Reprodução) Rosto de Juliette incha após uso de 'esperma de salmão': substância tem restrições no Brasil; entenda
Reprodução/Instagram
A cantora Juliette apareceu nas redes sociais com o rosto inchado após fazer um tratamento com esperma de salmão. A substância, pouco convencional, tem ganhado fama com promessas de rejuvenescimento.
No Brasil, porém, o uso é controverso: a Anvisa libera o ingrediente como cosmético, mas proíbe sua aplicação injetável. Além disso, especialistas explicam que não há evidências científicas que comprovem o resultado estético.
Juliette contou que está fazendo tratamentos para a pele, entre eles o que utiliza esperma de salmão. No Instagram, ela não explicou como o produto foi aplicado, apenas relatou que o rosto ficou inchado após o uso.
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Independentemente da via de uso, não se trata de aplicar o esperma diretamente no rosto. O ativo de interesse é o polidesoxirribonucleotídeo (PDRN), um DNA extraído dos espermatozoides do salmão.
O PDRN pode ser encontrado em produtos cosméticos ou injetáveis. No Brasil, a versão injetável não tem aprovação da Anvisa.
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O que faz o PDRN?
A substância tem como principal promessa estética o rejuvenescimento, mas especialistas alertam que as evidências são limitadas.
O estudo mais robusto sobre o PDRN foi publicado em 2020 na revista Nature, uma das mais respeitadas da ciência, mas não abordava usos estéticos.
A pesquisa avaliou o uso do PDRN na cicatrização de feridas em pessoas com diabetes — doença que dificulta a regeneração da pele. Os resultados apontaram que o PDRN ajudou a acelerar a cicatrização, reduzir inflamações e estimular a formação de novos vasos sanguíneos.
A hipótese de uso estético se baseia na ideia de que os mesmos efeitos possam atuar sobre os sinais de envelhecimento. No entanto, não há estudos clínicos sólidos que comprovem isso.
“Existem pouquíssimos estudos na literatura médica que comprovem a eficácia e a segurança disso. Não é recomendado porque não temos segurança no uso”, afirma a dermatologista Edileia Bagatin, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
É liberado no Brasil?
O PDRN é liberado pela Anvisa apenas como cosmético. Ou seja, produtos que atuam na camada superficial da pele. Ele não pode ser usado em procedimentos injetáveis, que são justamente os que mais prometem resultados visíveis.
Apesar disso, é comum ver nas redes sociais a divulgação de tratamentos com microagulhamento ou aplicação direta da substância.
Como isso acontece? Segundo a SBD, algumas empresas registram o PDRN como cosmético, mas comercializam e promovem o uso injetável — uma prática irregular. Produtos cosméticos não precisam comprovar eficácia nem passar por testes clínicos rigorosos como os medicamentos injetáveis.
Em 2024, a Anvisa suspendeu uma dessas marcas, que comercializava o PDRN como cosmético simples. Mesmo assim, a embalagem dava indícios de que o uso pretendido era injetável.
A SBD chegou a emitir um comunicado alertando os médicos sobre o risco legal e sanitário de aplicar esse tipo de substância sem respaldo técnico.
“O que dizem que traz resultado é o uso injetável ou com microagulhamento, mas isso não é permitido. Quando a empresa registra como cosmético, mas comercializa para uso injetável, ela se exime da responsabilidade. O médico que aplica e o paciente que recebe ficam expostos ao risco sem qualquer respaldo”, afirma Edileia Bagatin.