Terras raras: Brasil tem potencial de superar a China com elemento essencial para carros elétricos
26/07/2025
(Foto: Reprodução) Na quinta-feira (24), o encarregado de negócios da embaixada americana, Gabriel Escobar, reafirmou em reunião com empresários o interesse do governo de Donald Trump nos minerais críticos e estratégicos brasileiros - como as terras raras, o lítio, o nióbio e o cobre.
O recado foi interpretado como mais uma peça no tabuleiro da tensão geopolítica, acirrada após o anúncio do tarifaço de 50% contra produtos brasileiros, que entra em vigor em 1º de agosto.
O Brasil é o segundo país com mais reservas de terras raras do planeta, atrás apenas da China. E o país tem um tipo específico de elemento cada vez mais estratégico: o disprósio.
Em conversa com Julia Duailibi no episódio do podcast O Assunto da segunda-feira (21), Fernando José Gomes Landgraf explicou como as terras raras são um trunfo nas mãos do Brasil e como o país supera a China em relação ao disprósio, mineral essencial na produção de carros elétricos.
Professor da Escola Politécnica da USP, Landgrf explicou que o disprósio é importante para a fabricação de ímãs que operam em altas temperaturas. OUÇA NO PLAYER ACIMA A PARTIR DO MINUTO 15:32.
"Disprósio é o nome do elemento químico crítico para fazer ímãs que resistam a alta temperatura. E essas argilas iônicas brasileiras têm disprósio, uma quantidade significativa."
Segundo Landgraf, a China tem pouca quantidade de disprósio, enquanto o Brasil possui reservas significativas. As argilas iônicas brasileiras têm uma quantidade considerável de disprósio, segundo o professor.
O disprósio é um elemento químico capaz de resistir a altas temperaturas, por isso ele é usado em imãs usados na bateria de carros elétricos. Por isso, segundo o professor, o Brasil pode superar a China em negociações estratégicas envolvendo este tipo de terra rara.
O 'mapa' das terras raras
Com a China e o Brasil liderando as reservas de terras raras, com 45% e 25%, respectivamente, onde mais elas são encontradas no planeta?
"Estão espalhados por muitos países. A Austrália tem, os Estados Unidos têm, a Índia e a Rússia são os que mais têm. Depois tem países com menos quantidade de terras raras ainda como reservas", diz Landgraf.
No Brasil, as terras raras estão em locais sempre associados com algum vulcão extinto.
"Então, por exemplo, numa linha reta entre São Paulo e Brasília, tem Poços de Caldas, Catalão, Araxá e mais dois outros lugares que tivemos pequenos vulcões há 60 milhões de anos."
"E em todos eles nós temos hoje em dia a presença de teores significativos de terras raras que podem ser minerados."
Segundo Landgraf, também há terras raras em Goiás, no estado do Amazonas e na Bahia. Ele ressalta, entretanto, que é importante ainda saber se a extração delas é comercialmente viável.
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PMA/Divulgação